terça-feira, 14 de abril de 2009

Por Gilberto Jasper: Dividir para somar. Somar?

Há muito tempo questiono a vocação gaúcha de contestar tudo e todos. Trata-se de uma tendência histórica, pretensamente forjada em guerras em defesa de nossas fronteiras. Esta ao menos é a versão oficial.
Ao longo da história, reforçamos o orgulho de sermos o “estado mais politizado do Brasil”. Na verdade, uma máscara para esconder nosso apetite insaciável pela provocação, pela contestação e pela vendeta sempre bem vinda. “Perdoa teus inimigos, mas esquece seus nomes”, reza a tradição bombachuda.
Ao invés de analisar as consequências deste comportamento ao longo de décadas nos escudamos em argumentos frágeis como a perseguição do Governo Federal. Esquecemos, no entanto, dos inúmeros Presidentes gaúchos que comandaram o país ao longo da ditadura militar. Sem falar de conterrâneos que foram ministros e comensais contumazes das rodas do poder de Brasília. No lugar do diálogo e da criação de blocos regionais – ao lado de Santa Catarina, do Paraná e do Mato Grosso do Sul para fortalecer posição e aumentar o poder de barganhar optamos sempre por uma postura “independente”.
Isso, na realidade, é isolamento puro e histórico, xenofobia a tudo que não usar o tu e não diz tche. Se o coitado interlocutor tiver sotaque nordestino, chiar como carioca ou terminar a frase com a expressão “orra, meu!”, desista: não haverá a menor chance de vingar na terrinha.
A obsessão pelo coitadismo
parece um obsessão gaúcha
Expulsamos empresas, enxotamos investidores, constrangemos produtores culturais e apequenamos talentos locais que ousam fazer sucesso fora de nossas divisas e fronteiras. Não suportamos o sucesso alheio, a menos que a fama se restrinja à estátua do Laçador ou abaixo do Rio Mampituba.
Outra obsessão é o coitadismo, a teimosa predileção pelo argumento simplista de perseguição e abandono impingidos àqueles que decidem. Esta postura é hilária! Não se trata de estimular a copia de tudo que vem de fora, mas de – ao menos – admitir o diálogo, uma análise desprovida de preconceitos. A opção, no entanto, é sempre analisar quem ou de onde vêm as idéias, ao invés de analisar o mérito das iniciativas.
O exemplo mais vistoso deste vício de “ser do contra” é a política. Jamais conseguiremos conquistar a união em torno de um projeto único para tirar o Rio Grande do atoleiro. A oposição em todas as circunstâncias é destrutiva com as exceções da regra.
O sucesso alheio parece corroer a nossa alma.
Até quando?

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